Se cultura é o ativo intangível que influencia decisões alinhadas com a estratégia mesmo quando o CEO não está na sala, nunca houve maior desafio associado à este tema nas organizações. Especialmente em tempos de incerteza, líderes estão continuamente definindo a cultura das empresas e definindo o tom de voz coletivo do grupo, mesmo que ainda não tenham planejado fazê-lo.

Parece insólito falar de construção de cultura em tempos de distanciamento? Pois é, justamente no momento em que temos que fazer grandes adaptações em nossas rotinas de trabalho e nos privamos do contato diário com outros colegas, é que as interações ficam mais poderosas. É quando os cintos apertam que somos testados a validar se temos mesmo a resiliência para manter viva aquela cultura do quadro emoldurado.

A cultura dita os códigos que colaboradores experimentam e como trabalham na organização, é a cola que une ou afasta pessoas através da mesma visão – que pode impulsionar ou não pessoas na direção dos objetivos do negócio. É o jeito que cada time encontra de resolver problemas, de colaborar, de superar os desafios, juntos.

Se cultura define também o contexto para todas as tomadas de decisão, incluindo aquelas que precisam ser tomadas durante uma crise, a importância de se estruturar a cultura da empresa, de forma que os colaboradores se tornem naturalmente uma extensão prática da visão estratégica da empresa, se torna agora uma questão de sobrevivência.

Em tempos de mudanças forçadas, janelas emocionais podem se abrir. No momento em que estamos privados das conexões, as relações se tornam mais significativas. Neste momento, existe uma abertura natural para a reconstrução: assim como quando levamos solavancos na vida pessoal que nos forçam a mudar hábitos e atitudes, crises e tempos de incertezas nos trazem quebras perfeitas para criar uma nova ordem, para a construção do novo. Neste sentido, líderes tem nas mãos a oportunidade perfeita para colocar seus valores à prova, e sobretudo, de definir os valores do time que irão impulsionar os próximos passos da empresa.

Temos viva a oportunidade de construir, mudar, respirar uma nova cultura, um novo jeito de se fazer as coisas em nossas empresas. Abrimos a janela que põe a prova, mas que pode também levar ao fortalecimento dos valores culturais do negócio.

“Sua tarefa não é de prever o futuro, mas sim de o permitir.”
– Antoine de Saint-Exupéry